Desigualdade Social: Reflexões e Lições Aprendidas em Moçambique

Marta Fonseca
Marta Fonseca

Chego de volta ao hotel descolado onde estou hospedada em Moçambique entalada e com vontade de chorar.

Vim prestar apoio psicológico aos funcionários da minha agência da ONU aqui por 3 semanas.

O trabalho é duro, muitos desafios e estresses encarados todos os dias.

Meu choro se mistura com mal-estar. Mesmo mal-estar que senti aos 12/13 anos quando minha mãe nos levou a um abrigo para fazer doações. Ver aquelas crianças pobres e carentes de qualquer atenção me marcou para sempre.

Mesmo mal-estar que de novo veio forte quando trabalhava com crianças em situação de rua e fui visitar um “lixão” em Brasília. Ver todas aquelas pessoas vivendo no lixo…Nunca me esqueço da cena de uma mãe cozinhando numa fogueira improvisada uma carne, só que cheia de vermes. Até hoje me faz ter vontade de chorar.

A pobreza daqui é sem comparação com a do Brasil.

Sim, no Brasil temos pobreza e fome, mas são pontos isolados.

Aqui é em quase todo o lugar. Meu passeio pela cidade foi um choque de realidade.

A realidade de que vivo numa bolha, ainda mais agora, morando na Europa. Realidade de que a pobreza e a desigualdade social são problemas de todos nós.

Realidade de que não é justo uns ter e esbanjar, ostentar, enquanto outros não têm o básico.

Não há recursos disponíveis!

Temos que dividir!

E essa questão esbarra em outra, a da sustentabilidade. Não é sustentável na terra hoje ter vida de luxo.

Temos que mudar nossos conceitos. E a ostentação aqui nas redes me incomoda muito!

Mas o que está ao meu alcance é dividir com você meus valores e tomar ação.

Já pensei em algumas, além das que já venho fazendo. Mas isso fica para outro texto…

Um último ponto importante é lembrarmos que só conseguimos sentir bem-estar, estarmos felizes, se vivermos nossa vida de acordo com nossos valores.

Eu tento manter essa coerência.

Procuro ser simples, ter uma vida humilde, cuidar do meio ambiente e lutar pelos direitos humanos.

Em pequenas ações e no meu dia a dia.

E, se conseguir, em grandes ações também.

Por isso me dá tanto orgulho trabalhar na ONU e fazer o que faço.

Por aqui, encerro o dia com o coração grato por poder ajudar o próximo!

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