Neuroplasticidade. O Cérebro que se Transforma

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Marta Fonseca
Marta Fonseca

Você sabe o que é neuroplasticidade?

Bom, hoje eu vou apresentar para vocês um livro que acabei de ler e fiquei apaixonada! “O cérebro que se transforma”, do psiquiatra e pesquisador Norman Doidge, que explora o conceito da neuroplaticidade, ou seja, a capacidade do cérebro de mudar e evoluir – e a comprova com relatos de pesquisas e tratamentos em diferentes contextos, como perdas cerebrais, disfunções nos sentidos, sintomas psíquicos, e ainda relata os impactos no cérebro do amor, da atração sexual, do gosto, da cultura e da educação.

 

Índice:

  1. Por que gostei tanto do livro
  2. O que é neuroplasticiadade
  3. Apenas enxergamos o que nosso esquema mental nos permite enxergar
  4. O impacto da neuroplasticidade para a Psicologia
  5. O impacto na nossa vida

 Porque gostei tanto do livro:

Além da neuroplasticidade ser um assunto ser fascinante: nosso cérebro, como ele funciona e como podemos influenciar sua evolução e mudança, o livro é escrito de uma forma deliciosa. Doidge, em cada capítulo, aborda um tema diferente, ao relatar o trabalho de diferentes profissionais de saúde, geralmente médicos, com exemplos de pessoas reais.

Casos como uma mulher que nasceu com apenas um dos hemisférios do cérebro, mas que conseguiu se adaptar e levar uma vida normal; outra, rotulada como mentalmente incapaz, que superou suas deficiências com exercícios mentais e agora ajuda muitos a fazerem o mesmo; pessoas cegas que agora enxergam de maneira alternativa; outras com dificuldades de aprendizagem curadas; pacientes que recuperaram limitações após derrame ou que melhoraram muito quadros graves de depressão, ansiedade, sintomas graves de transtorno obsessivo compulsivo, entre outros.

O livro entretém fácil, pois traz histórias interessantes de superação, não é muito técnico (pode ser lido por leigos!), nem superficial, e nos faz ter esperanças e estratégias para prosseguirmos nossa busca por superarmos nossas dificuldades e limitações – físicas ou emocionais – e conquistarmos mais bem-estar. Não se assuste com a grossura do livro! Apesar do tema ter um “nome difícil”, neuroplasticidade, você vai lendo, e lendo, e lendo… quando vê, já acabou. Parece um romance bem contado.

O que é neuroplasticiadade:

O conceito de neuroplasticidade traz a ideia de que o cérebro é um órgão plástico, ou seja, ele se adapta, se molda, é flexível, como o plástico. Por muito tempo se acreditou que as células neuronais eram fixas em número e em suas funções. Por exemplo, se num derrame, a área motora fosse danificada, a pessoa teria problemas motores para sempre.

Mas, agora não há mais dúvidas, o cérebro pode de fato transformar suas próprias estruturas e funções, mesmo em idades avançadas, o que tem impacto nas nossas capacidades mentais, físicas e nas nossas emoções e comportamentos. A comprovação da capacidade de neuroplasticidade derruba, de vez, a noção ultrapassada de que o cérebro adulto é rígido e imutável.

Os alcances para essa capacidade de transformação cerebral ainda está a ser verificada, mas o que os exemplos do livro já nos mostram é que depende muito da nossa capacidade de acreditar e de nos esforçarmos em direção à superação dos limites.

Apenas enxergamos o que nosso esquema mental nos permite enxergar

Um dos pontos que mais me chamou a atenção, ao longo de todo o livro, foi o fato de que a capacidade de neuroplasticiadade já estava sendo defendida e comprovada por vários pesquisadores há bastante tempo, mas a Ciência e a sociedade demoraram muito a aceitá-la, mesmo quando as evidências eram irrefutáveis. Como se explica esse fenômeno de não aceitarmos ou não acreditarmos no que já é evidente? O pesquisador Thomas Khun, em seu livro ainda muito atual, A Estrutura das Revoluções Científicas, nos explica isso com o conceito de paradigma.

Podemos pensar, de forma simplificada, que paradigma é um esquema, um padrão mental que nos ajuda a assimilar e interpretar a realidade. Entretanto, ao nos dar uma pré concepção (baseada em nossas experiências passadas, nossas crenças e formas de pensar), também nos limita a ver o novo, a novidade.

Muitas vezes o desconhecido nos ameaça, nos deixa inseguros, incomoda. Por isso, nossa tendência é nos mantermos na zona de conforto do que é conhecido e controlado. Como consequência, muitas vezes ajustamos e até deformamos a realidade para ela se encaixar no que já é familiar para nós. Isso ocorre no nível individual e no coletivo, como na ciência. Então, imagine a que ponto podemos estar presos a uma “realidade” fabricada, mesmo que a realidade “real” insista em nos mostrar que é diferente?!?

Por isso, e para não ficar numa cegueira limitadora, sempre se questione, questione seus paradigmas, suas verdades, seus padrões para não ficar preso a uma situação, ideia ou emoção que não condiz com a realidade (externa ou interna) e que te impede de mudar, evoluir, crescer…Água parada apodrece!!!

Entenda mais sobre o Conceito de paradigma.

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O impacto da neuroplasticidade para a Psicologia

Outro ponto bem interessante que o livro nos faz refletir é sobre um dos grandes dilemas da Psicologia: o debate entre corpo e mente, ou seja, onde começa o mental / emocional e onde começa o fisiológico. Falando de outra forma, quem impacta quem, por exemplo no desenvolvimento das nossas reações, comportamentos, sentimentos. Por exemplo, uma baixa nos neurotransmissores é a causa ou a consequência de uma depressão? É o biológico que está provocando o emocional, ou o emocional impactando o biológico?

Os estudos da neuroplasticiade mostram que as duas direções estão corretas! Um influencia no outro, seja positiva, seja negativamente. Por exemplo, seus pensamentos influenciam a forma como seu cérebro funciona, impactam nos neurotransmissores, como o contrário também é verdadeiro.

Por exemplo muitas pesquisas no âmbito da neurologia têm mostrado os efeitos da meditação no cérebro, por exemplo, ativando e aumentando as regiões associadas ao equilíbrio emocional e ao prazer, dados que confirmam as pesquisas focadas no autorrelato, em que as pessoas relatam melhorias nessas áreas.

Essas reflexões são muito importantes, pois derrubam, então, o paradigma da dualidade entre psicologia e psiquiatria: o mental / emocional / comportamental de um lado e o neurológico / biológico de outro. Essa briga filosófica entre corpo e mente, biológico e psicológico pode acabar! Não há separação, está tudo junto e misturado.

O impacto na nossa vida

O livro nos dá diversas indicações de estratégias e métodos que podemos aplicar para melhorar nossas vidas. Eu fui atrás dos pesquisadores mencionados por Doidge para os conhecer mais e alguns de seus livros já estão na minha lista de futuras leituras. Com certeza escreverei sobre os mais interessantes para ajudar vocês no processo de transformação, autodesenvolvimento e busca de bem-estar.

Por fim, podemos concluir que, cuidar do corpo (da alimentação, do sono, nível de atividade física etc) e cuidar do mental e emocional (pensamentos, sentimentos, qualidade de relações, etc) é extremamente importante e uma dimensão vai potencializar a outra.

Lembre-se, assim como seu cérebro, somos seres em evolução, podemos sempre crescer, amadurecer, aprender e estarmos melhor…. Isso não quer dizer que vamos alcançar a perfeição. Querer a perfeição é tão opressor quando ficarmos estagnados. É apenas não ficar parados, sermos flexíveis, criativos, abertos… e nos esforçamos um pouquinho todos os dias para fazermos e sermos melhor! O livro de Doidge nos inspira nessa busca!

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Beijos e até a próxima.

 

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