Há algumas razões que te impedem de perder peso ou se manter no peso que você busca. Resolvi juntar tudo em um texto para que você entenda de uma vez por todas essas razões.
Eu comecei muito cedo a me preocupar com excesso de peso, aos 15 eu já lia revistas de adolescentes e já estava em busca de um padrão de beleza inalcançável.
Na minha primeira dieta eu consegui perder os 4 kgs que a dieta propunha, fiquei super feliz e orgulhosa de mim mesma. Mas a dieta não me mostrava como me manter nesse peso, então o resultado você já sabe… recuperei os 4 kgs.
Junto com os quilinhos a mais, terminei desenvolvendo um transtorno alimentar. Eu estava sempre procurando uma ‘coisinha pra mastigar, ao mesmo tempo que buscava uma dieta milagrosa que iria resolver tudo. Você me entende?
Eu ficava sendo perseguida pelo desejo, pelo pensamento de querer comer um docinho, uma tortinha, um chocolatinho… eu às vezes comia não pra me satisfazer, mas pra me livrar do pensamento.
E isso acontece com muitas pessoas. Vira um ciclo! Porque enquanto você não come, fica com aquele pensamento te atormentando, depois come e se sente mal por ter comido, se sente frustrada. Daqui a pouco vem o mesmo pensamento… e o ciclo vicioso vai ficando cada vez pior.
Isso vira uma bola de neve na vida. O mal-estar físico e o mal-estar emocional viram rotina. E aí só focamos nos sintomas, e não na causa do problema.
Com 20 anos eu já estava muito acima do peso, com alguns transtornos alimentares, comia escondido dos amigos e da família, porque ficava com vergonha do que eles poderiam pensar.
Eu não gosto nem de lembrar.. .
E se você está passando isso, o que digo a você é: procure ajuda! Procure alguém que te ensine a sair desse ciclo vicioso, porque sozinha é muito mais difícil.
A gente fica pesada, sabe? No corpo e na alma. Pra você ter uma ideia, essa compulsão me atrapalhava a focar em outras coisas na vida, porque estava sempre no dilema: comer ou não comer?!
Foi nessa época em que eu comecei a procurar ajuda. Na análise descobri que essa minha necessidade de maternagem, de sempre estar procurando algo pra me preencher era na verdade uma tentativa de suprir uma falta que eu sentia de alguém cuidando de mim, se preocupando comigo.
Descobri na terapia que isso tinha alguma relação com o materno. A minha mãe sempre estimulou a independência, mas em algum momento da nossa relação eu me senti abandonada e esse vazio ‘alimentava’ a minha compulsão. Também descobri que eu tinha medo do meu corpo de mulher, da minha feminilidade, e, ficando gorda, eu me protegia.
Descobrir as causas do meu descontrole me ajudou a dar um outro encaminhamento para o emagrecimento. A minha compulsão foi com o tempo se desfazendo. O entendimento da causa me ajudou a emagrecer naturalmente.
Foi uma libertação, uma leveza inigualável. . .
E um erro que eu vejo as pessoas fazendo é que elas se impõem radicalmente algumas mudanças. Tiram tuuuuudo o que gostam da dieta por 1 mês e ao final do mês como ‘recompensa’ voltam a comer tudo o que não faz bem novamente.
Freud trouxe uma analogia que eu gosto muito: todos os nossos sintomas ou comportamentos que trazem algum sofrimento são apenas a pontinha do iceberg. Ou seja, o estar acima do peso ou comer compulsivamente é só a ponta do iceberg, analisando para baixo há muito a ser cuidado.
Então, dito tudo isso, vamos às RAZÕES QUE PODEM TE IMPEDIR DE EMAGRECER:
- Se culpar
A mulher tem, culturalmente, um comportamento de se culpar. É uma visão do tudo ou nada. A culpa é algo inútil, não traz nada de bom. A culpa te prende no passado.
O sentimento de culpa pode desencadear uma depressão, porque você não tem motivação para nada, você perde o prazer de ter projetos, de cuidar de si, e aí é outra bola de neve.
Tente entender sua dinâmica de se culpar! Pra que você se culpa? Do que realmente se culpa? São perguntas interessantes de iniciar essa jornada de autoconhecimento.
E vamos nos lembrar: os erros do passado servem para gerar conhecimento. Só ficar remoendo o que passou é reviver aquele momento de novo e de novo e de novo.
- Combater apenas o sintoma
O sintoma não é o mal em si, é apenas um indicativo de que algo não vai bem, de que algo não está muito certo com você, com o seu corpo. Como a febre. A febre não é o problema, a doença em si. Ela indica que algum processo está a ocorrer no nosso corpo, e que precisa ser descoberto pra resolvermos.
O engordar pode ser um desses sintomas… E aí, não adianta combater o ‘engordar’. Você precisa descobrir o que te leva a comer desenfreadamente, o que te leva a escolher uma alimentação ruim, o que dispara a sua ansiedade, para aí então, resolver a causa de tudo isso.
- Ignorar as funções que o comer tem pra você
O comer pode ter várias funções emocionais, e essas variam de acordo com a história da pessoa. Aliviar o estresse e a ansiedade. Aliviar cansaço, o tédio. Resgatar o afeto ou se esconder, como era o meu caso.
Uma atividade que me ajudou muito a melhorar o meu relacionamento com a comida foi desenvolver a atenção plena na hora da alimentação. Ou seja, tire de perto o seu celular, desligue a TV. Sinta o gosto e o cheiro da comida que você está comendo. Sinta a textura dos alimentos. Observe as fibras da carne que você está cortando. Note a crocância de algum alimento e o contraste com a suculência de outro.
Procure também estar consciente das suas emoções e sensações na hora de comer. Se conecte com você mesma.
Esteja presente enquanto come e você aprenderá muito sobre seu corpo e sobre você.
- Não trabalhar a sua relação com seu corpo
A função que você inconscientemente atribui ao seu corpo é uma outra questão a ser avaliada.
Por exemplo: mulheres que sofrem abusos sexuais tendem a desenvolver algum distúrbio alimentar para tapar as curvas que ‘’atraíram’’ o seu agressor, como uma forma de defesa. Essa mulher passa a rejeitar toda a feminilidade para se proteger.
Uma pessoa que tem de começar a cuidar de si e dos irmãos muito cedo pode desenvolver algum distúrbio porque precisa ser ‘grande e forte’ para dar conta de tudo o que precocemente confiaram a ela. O peso da responsabilidade requer que você seja grande e forte para sustentar tudo.
Observe qual a função que você atribui ao ser corpo. Converse com um profissional de saúde mental sobre isso. Ele te ajudará a desenvolver a correta relação que você deve desenvolver com o seu corpo.
Eu espero que com esse texto você entenda que o engordar nunca é à toa. Os indícios que te levarão à causa (e não ao sintoma) estão espalhados pela sua vida. Você só precisa ligar os pontos agora.Você só precisa estar atenta.
Na minha mentoria nós estamos sempre ajudando uma a outra e quando um cai os outros ajudam a se levantar e a voltar pro caminho. Enfrentar isso tudo sozinha e conseguir resultados é solitário e mais difícil!
Por fim, eu quero dizer uma coisa: aves da mesma plumagem voam juntas. Se você quer emagrecer, então caminhe com pessoas que têm esse mesmo objetivo, que estão na mesma busca que você.